Aristóteles (384-322 a.C)
Filósofo grego que advogou a razão e a moderação. Sustentou
que a experiência dos sentidos é a nossa única fonte de conhecimento e que é
através do uso da razão que podemos descobrir a essência das coisas, isto é, as
qualidades que as distinguem. Nas suas obras sobre a ética e a política, sugeriu
que a felicidade humana consiste em viver em conformidade com a natureza. Fez
derivar a sua teoria política do reconhecimento de que a ajuda mútua é natural
à humanidade, recusando-se a estabelecer qualquer tipo de constituição como idealmente
universal. Das obras de Aristóteles restaram 22 tratados que cobrem um vasto
leque de matérias: lógica, metafísica, física, astronomia, meteorologia,
biologia, psicologia, ética, política e crítica literária.
Aristóteles nasceu em Estagira, na Trácia, e estudou em
Atenas. Tornou-se tutor de Alexandre, o Grande e, em 335 a.C., fundou uma escola,
o Liceu — arvoredo dedicado a Apolo —, em Atenas. Esta escola ficou conhecida
como a «escola peripatética», devido ao facto de Aristóteles caminhar de um
lado para o outro enquanto ensinava. As suas obras são colecções de apontamentos
das aulas tirados pelos seus alunos. Quando Alexandre, o Grande, morreu, o
filósofo viu-se forçado a fugir para Cálcis, onde veio a falecer. De entre os
seus inúmeros contributos para o pensamento político, contam-se as primeiras
tentativas sistemáticas de distinguir as diferentes formas de governo, as ideias
sobre o papel da lei no Estado e a concepção de uma ciência política.
Na Poética, Aristóteles define a tragédia como uma imitação
(mimese) das acções dos seres humanos, em que as personagens se subordinam ao
enredo. A audiência sente terror e piedade, mas experimenta uma expurgação (catarse)
destas emoções através da peça. O segundo livro da Poética, que tratava da comédia,
perdeu-se. Os três volumes da Retórica constituem a mais antiga discussão analítica
das técnicas de persuasão, apresentando o último uma teoria das emoções a que
um orador deve apelar.
Ao longo da Idade Média, a sua filosofia começou por estabelecer
as fundações para a filosofa islâmica, para depois vir a ser incorporada na
teologia cristã. Os eruditos medievais aceitaram sem reservas a vasta produção
intelectual do filósofo grego. Aristóteles sustentou que toda a matéria
consistia numa única «matéria principal», que era sempre determinada por uma
forma. A mais simples espécie de matéria consistia nos quatro elementos — terra,
água, ar e fogo — os quais, em proporções diversas, constituíam todas as coisas.
De acordo com as leis aristotélicas do movimento, os corpos moviam-se para cima
ou para baixo em linha recta. A terra e a água caíam, o ar e o fogo subiam.
Para explicar o movimento das esferas celestiais, Aristóteles introduziu um quinto
elemento, o éter, cujo movimento natural era circular.
As suas obras principais sobre cosmologia, ou astronomia,
estão contidas nos quatro volumes do seu De Caelo. Aristóteles rejeitou a noção
de infinito e a noção de vácuo — este último era impossível porque um objecto
que nele se movimentasse ganharia, em princípio, uma velocidade infinita, em
virtude da completa ausência de resistência. O espaço não podia ser infinito
porque, na visão de Aristóteles, o universo consistia numa série de esferas
concêntricas que rodavam em torno da Terra.
A actividade de Aristóteles no domínio da astronomia incluiu
ainda a comprovação de que a Terra era esférica. Com efeito, o filósofo tinha observado
que a Terra projectava uma sombra circular na Lua durante um eclipse, para além
de também ter notado que as estrelas no céu mudavam de posição quando viajamos
para norte ou para sul. Aristóteles sobrestimou o diâmetro da terra em apenas
50%.
Aristóteles encarava a natureza como algo em constante esforço
de aperfeiçoamento. Determinou que o princípio da vida era a alma, que
considerava ser a própria forma da criatura viva e não uma substância separável
dela. Acreditava que o intelecto consegue descobrir o universal, a partir das
impressões dos sentidos, e que a alma é imortal, uma vez que transcende a
matéria. Pensava que a arte incorporava a natureza, mas de uma maneira mais
perfeita, uma vez que a sua finalidade seria a purificação e o enobrecimento das
afeições, ou sentimentos. Para Aristóteles, a essência da beleza era a ordem e a
simetria. Aristóteles também classificou os organismos, dividindo-os emespécies
e géneros.
Sem comentários