A arte do Antigo Egito
A arte do
Antigo Egipto divide-se em três períodos principais, respeitantes aos Impérios Antigo,
Médio e Novo, remontando a c.3000 a.C. e estendendo-se por um período de cerca
de 2000 anos. Durante este tempo, embora se verificasse algum desenvolvimento
estilístico, foi mantida uma notável continuidade formal, representando uma
sociedade com profundos valores religiosos e tradicionalistas.
A escultura e
pintura destes períodos revelaram-se fortemente estilizadas, segundo convenções
rígidas e apresentando símbolos de uma religião centrada na vida além-túmulo e
na representação idealizada dos mortos e dos membros das suas famílias,
seguidos de servos, escravos e bens. As representações da figura humana apresentam
o rosto e as pernas de perfil, a parte superior do torso em posição frontal, as
ancas a 3/4 de volta e os olhos salientados pelas dimensões e pelos contornos a
negro.
Durante o
lento declínio dos impérios egípcios, a arte manteve um estilo conservador e subserviente
em relação à religião, mas o nível de mestria técnica manteve-se com altos padrões,
acompanhando uma quase constante e prolífica produção de artefactos. Podem encontrar-se
importantes colecções de arte egípcia no Museu Nacional do Cairo e no Museu Britânico,
em Londres.
O período dinástico
inicial e o Império Antigo (2920-2134
a.C.) são exemplificados, quanto à produção artística, pela estátua-monumento
da esfinge de Gizé (c. 2530 a.C.). Representa uma gigantesca figura de leão com
cabeça humana (conceito tradicionalmente correspondente à figura mitológica da
esfinge) esculpida directamente de um aglomerado de rochas; tendo cerca de
56,4m de comprimento por 19,2m de altura, é o guardião da pirâmide de Quéfren. Deste
período existe ainda uma riquíssima colecção de artigos tumulares, incluindo
roupas, ornamentos, joalharia e armas, bem como estátuas em pedra e metais preciosos.
As convenções estilísticas da pintura (representação de perfil e frontal
correspondendo à mesma figura) estavam já estabelecidas. Pinturas murais como a
designada por «Gansos de Medum» (c. 2530), no Museu Nacional do Cairo, revelam
uma grande variedade de cenas da vida quotidiana da época.
O Império Médio (2040-1640 a.C.), um
período em que o Egipto, reunificado, era governado por um único soberano, é
caracterizado por túmulos grandiosos, esculpidos directamente sobre rochas e
uma tentativa de maior realismo nas pinturas murais. A escultura revela uma
maior percepção e domínio do retrato esculpido, de que é exemplo a cabeça de
Sesóstris III, também no Museu Nacional do Cairo.
Tutankhamun |
O Império Novo (1550-1070 a.C.) é representado
por um estilo menos rígido e mais requintado, na pintura, e uma nova
sofisticação, na joalharia e no mobiliário. Na idade de ouro da XVIII dinastia (1550-1070
a.C.) assistiu-se à construção dos templos de Carnac e Luxor e do labirinto de
túmulos do Vale dos Reis. Os faraós deste período, Khenaton e Tutankhamun (c.1361-1352),
inspiraram um estilo mais peculiar, como se pode verificar nas representações
escultóricas destes reis-deuses: a estátua de Akhenaton, o sarcófago em ouro da
múmia de Tutankhamun (c.1361-1352), no Museu Nacional do Cairo, ou ainda a
cabeça de Nefertiti, mulher de Akhenaton (c.1360 a.C.), hoje no Museu Arqueológico
de Florença. As estátuas monumentais de Ramsés II, em Abu Simbel, datam do
século XIII a.C.
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